Bem-vindos ao tune-O-matic. Sintam-se a vontade para opinar, criticar e sugerir.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Natural Selection - Rez Abbasi Acoustic Quartet |Jazz|

Natural Selection  -  Rez Abbasi Acoustic Quartet   |Jazz|

Álbum de 2010 do guitarrista paquistanês Rez Abbasi, “Natural Selection” é um experimento entre as nuances do violão e do vibrafone.

Natural de Karachi, Paquistão, Rez Abbasi surgiu em New York nos anos 90, como um guitarrísta fusion, mostrando influências de Jim Hall e Pat Metheny.

A medida que a década avançava, os álbums de Abbasi, foram mostrando o músico se distanciar de suas influências e caminhar para um estilo cada vez mais próprio.


Com “Natural Selection” Abbasi procurou explorar as possibilidades entre os diálogos de um violão e um vibrafone, aqui comandado por Bill Ware (Jazz Passengers, Groove Collective). O resultado é uma onda sonora ímpar, que ambienta o brilhantismo técnico de Abbasi e seus parceiros.

Confira.

Warp Riders - The Sword |Metal|


Warp Riders  -  The Sword   |Metal|

Confesso que há alguns anos venho sofrendo de uma irritação alérgica a tudo o que vem com o rótulo de Metal. Procurei especialistas e depois de um tempo sem encontrar uma pomada que fosse efetiva, simplesmente deixei de ouvir.

Eis que surge em Austin, Texas o The Sword. O quarteto formado em 2003 pelo guitarrista John J.D. Cronise tem uma qualidade criativa que deve pegar mal para os atuais fãs de Black-Death-Rotten-Odious-Fucking-Melodic-Metal, mas para o resto de nós é um som poderoso, pesado e bem sacado.

É verdade que “Warp Riders” nos faz lembrar dos velhos anos 80, não por ser mais uma insípida cópia de alguma outra banda, mas pelo Heavy Metal 100% baseado no Rock ‘n’ Roll. A fórmula agrada e põe a banda ao lado de suas influências ao invés de abaixo delas.

A faixa de abertura Archeron / Unearthing The Orb é bombástica e mostra a pegada da banda, muito competente por sinal. Tres Brujas dá sequência e já mostra sua construção em cima de um típico riff zepelliniano; aqui também surge o vocal e qual não é a surpresa ??  Nenhum soprano tentando ser a Rainha da Noite ou algum infeliz com um overdrive na garganta.
Além dessas, Arrows In The Dark, Astraea’s Dream, The Warp Riders e Night City chamam a atenção.
Boa pedida para quem gosta de rock pesado.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Etta James Rocks The House - Etta James |Blues|


Etta James Rocks The House  -  Etta James   |Blues|

Gravado num pequeno clube em Nashville em setembro de 1963, "Etta James Rocks The House' entra para história como um melhores registros do verdadeiro blues.


Do alto dos seus 72 anos de idade, Etta James pode se considerar uma sobrevivente de seu próprio estilo de vida. Mas, maior sobrevivente que a própria diva, são seus álbuns, em especial este.

Você põe o disco pra tocar, fecha os olhos e vai se encontrar no enfumaçado New Era Club, aonde menos de duzentas pessoas presenciaram o blues em pessoa.

A voz poderosa de Etta James passa por onze faixas que, além de outras coisas,  vão te ajudar a compreender a origem dos lamentos roucos de Janis Joplin.




Se o blues é uma paixão, você vai se sentir em casa com clássicos como What I'd Say, Money(That's What I Want), Ain't That Lovin' You Baby e marca registrada de Etta I Just Want To Make Love With You.

Cru e sem frescura; piano desafinado e tudo. Um monumento.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Les Paul & Mary Ford Greatest Hits - Les Paul & Mary Ford |Pop|


Les Paul & Mary Ford Greatest Hits  -  Les Paul & Mary Ford   |Pop|


Ignorado pelo grande público, Les Paul é reverenciado por músicos e profissionais de áudio.

O nome, porém, soa familiar. Qualquer que tenha um amigo guitarrista já o ouviu falar sobre a Gibson Les Paul. Esta guitarra, idealizada e criada pelo músico, apesar de ter sido lançada após os modelos da Fender, foi o primeiro modelo de guitarra maciça da história.
Antes disso, Les Paul já havia dado um passo a frente e desenvolvido as primeiras tentativas de eletrificar um violão, usando peças de um telefone.

Como se criar um dos instrumentos mais influentes da história da música não fosse o bastante, Les Paul numa tentativa de encontrar 'o som' que buscava, se trancou em sua garagem e criou o gravador multi-pista ou 'som sobre som'.

Traduzindo: até esse momento, toda e qualquer gravação era feita 'ao vivo', todos os músicos reunidos na sala. Depois da invenção de Les Paul, um músico poderia gravar uma parte, ouvir o que gravou e gravar outra parte por cima - de forma que sem poderia gravar toda uma orquestra, um instrumento por vez.

E foi assim que o material desta coletânea foi feito - por duas pessoas - na garagem.
Les e sua esposa Mary Ford gravavam faixa sobre faixa e construíam ondas de som. A voz singular de Mary Ford gravada múltiplas vezes, cria um coral que impressiona pela capacidade da cantora de delinear harmonias absurdamente afinadas. No corpo das músicas um abuso desmedido das guitarras de Les Paul.
Baixo e percussão eram produzidos nas mesmas guitarras de seis cordas que deliravam em solos e passagens impossíveis.
Obra de gênio.

O estilo é um pop dos anos 40, com graves influências do gypsy jazz de Django Reinhardt - grande influência para Les Paul.

O alcance da obra neste álbum, é marcante. Eles foram a dupla mais famosa e querida do pós guerra americano, a ponto de não haver comparação nos dias atuais. Les Paul & Mary Ford foram a trilha sonora do sonho americano.
Hits como Mockin'bird Hill, I'm Sitting On The Top Of The World, How High The Moom e Bye Bye Blues, estavam diariamente nas rádios e TV.


Daí veio a nova música - o Rock'n'Roll. E Les Paul, da noite pro dia, foi liquidado.
Mas suas invenções já habitavam cada estúdio de gravação do planeta e sua Gibson Les Paul e seu legado como guitarrista estava e está nas mãos, no coração e nos sonhos de mestres como Jimmy Page, Eric Clapton, Jeff Beck e tantos outros - incluindo os 'não mestres' como eu e você.

 Les Paul morreu em agosto de 2009, aos 94 anos. Tocando.

domingo, 25 de julho de 2010

Walk The Nile - Elephant9 |Rock|


Walk The Nile  -  Elephant9    |Rock|

O mais novo capítulo do jazz-rock fusion.


Rótulo pega; e estamos acostumados a ligar o nome jazz-rock com aquela mistura de funk, rock e jazz que dominou boa parte dos anos 70. Nomes como Return To Forever, Mahavishnu Orchestra, Jeff Beck e Weather Report aprenderam com Miles Davis e abusaram do estilo até a última gota - e nós queríamos mais.

O ponteiro gira e os ares mudam. Por mais que eu seja fã e adepto de toda a onda retrô que vem se disseminando desde o fim dos anos 90, a pergunta nunca calou: - o que seria o jazz-rock de hoje ?

A resposta veio com os noruegueses do Elephant9. Fundado em Oslo em meados de 2007, o trio, formado por Ståle Storløkken órgão,  Nikolai Eilertsen baixo e Torstein Lofthus bateria, oferece uma furiosa onda sonora que Nikolai no progressivo e no hard-rock dos anos 70 e, obviamente, na fase elétrica do já citado Miles Davis.
Influências a parte, a banda passa longe de ser retrô. Ouça e perceba a realidade grunge, o abuso de decibéis comuns ao rock atual.

"Walk The Line", lançado em 2010, é o segundo álbum do Elephant9 e está mais focado no jazz do que no progressivo que marcou o primeiro álbum da banda.
Vale destacar as faixas Fugl Fønix e John Tinnick. O trabalho de Torstein Lofthus é algo a mais.

Elephant9 certamente vai agradar aqueles que curtem um som mais pesado. Mas esteja avisado - eles não fazem do 'peso' uma virtude - apenas uma ferramenta; o que por si só, já é raro.

Absolutely Free - The Mothers Of Invention |Rock|


Absolutely Free  -  The Mothers Of Invention    |Rock|

Lançado há 43 anos, “Absolutely Free” , em companhia de muitos outros títulos do compositor, continua anos-luz a frente da música pop mundial.


Considero desnecessário passar horas buscando palavras para tentar descrever a força da genialidade de Frank Vincent Zappa. Mesmo porquê, palavras não são nada. Cada um que tire suas próprias conclusões.

Vejo que o melhor que eu posso fazer pelo próximo, é deixar o convite – ouça Zappa. Eu demorei um pouco; apesar de saber que o sujeito era genial e blá, blá, blá. . . , a minha ficha não caia. Até que um dia – caiu.

Minha teoria é que existe o momento certo. Você tenta ouvir um tipo de música a vida toda, mas sempre acaba se perguntando -  qual é a graça nisso ? Até que um dia – as nuvens pardas da mediocridade se afastam e você finalmente se odeia por não ter ouvido aquilo antes.

Tem um jeito mais simples – Zappa: ame-o ou odeie-o.

“Absolutely Free”, de 1967, é o segundo passo na extensa  e densa discografia do músico americano. Nesse período, Frank ainda assinava seus discos com o jocosamente pretensioso nome de sua banda The Mothers Of Invention.
Crítica e público, que já haviam se escandalizado com o debut “Freak Out”, tiveram que encarar um álbum ainda mais audacioso e esquizofrênico.

Em “Absolutely Free” os Mothers filtram um leque de influências que incluem a música de vanguarda dos compositores Edgard Varèse e Igor Stravinsky, pop, rock, psicodelia, blues, vaudeville, country music, etc. . .   Tudo amarrado com longas sessões polirítmicas, grandes instrumentações, instrumentações toscas, cortes e sobreposições de fita, virtuosismo em áreas nunca dantes exploradas e uma imaginação sem precedentes. Para fechar o pacote – humor. Um humor ácido, sarcástico e afiado. Nada lhes escapa; hippies, o governo americano, o povo americano, eles próprios.

Plastic People abre o álbum, citando o clássico Louie Louie e ridicularizando os E.U.A. Duke Of Prunes mostra que o espírito contestador de Zappa também é capaz de criar melodias de beleza rara, apesar da maneira burlesca com a qual ele trata seus próprios temas. Call Any Vegetable é, para este que voz digita, uma das melhores da carreira de Frank Zappa. Big Leg Emma se tornou um clássico para os fãs, assim como Brown Shoes Don`t Make It. Why Don’tcha Do Me Right?, America Drinks, enfim – tudo.

A primeira audição tudo pode se resumir a uma desmedida cacofonia nonsense. Mas não se engane. Tudo o que se ouve é intencional; é composição. Cada frase, cada inflexão, cada acorde fora do lugar, cada som foi ensaiado à exaustão; a ponto das músicas figurarem nos concertos de Frank Zappa com absurda fidelidade às gravações originais.
É música, criatividade, virtuosismo, arte e trabalho levados às últimas conseqüências.

Será que você está pronto ? 

quarta-feira, 21 de julho de 2010

To The One - John McLaughlin and The 4th Dimension |Jazz|


To The One  -  John McLaughlin and The 4th Dimension    |Jazz|
 
Inspiração, energia e virtuosismo sobram, no novo álbum do sexagenário mestre do electric jazz.


John McLaughlin não se cansa de prestar seus respeitos a sua maior influência musical, estamos falando de John Coltrane.
Desta vez, covers e reedições deram lugar a seis faixas autorais construídas a partir dos conceitos de Coltrane; algo como um bebop (devidamente modal) trajado de fusion.

Para tanto, o guitarrista optou por não assinar o projeto como um disco solo, mas sim como The 4th Dimension; banda formada por Mark Mondesir bateria, Gary Husband teclados e também bateria,  o camaronês  Etienne Mbappé no baixo e Sir McLaughlin na guitarra.


Impossível ressaltar essa ou aquela faixa. "To The One"  (ou Para Coltrane, se você preferir), é uma única onda sonora - dividida em seis perfeitamente não lapidadas faixas. A única ressalva vai para a faixa que fecha o álbum - em To The One, a banda revisita um clássico da Mahavishnu Orquestra e McLaughlin improvisa no sintetizador via sua guitarra midi - uma marca registrada de seus álbuns.

A banda, claro, é incrível. O mestre continua tocando com uma vivacidade que impressiona. Obrigatório, para músicos e fãs do estilo.